sexta-feira, 23 de março de 2012

Alcool entre os humanos!

Há algumas provas de que as crianças que foram iniciadas no consumo de álcool em ambiente familiar, protegido e responsável terão menos problemas de bebida durante a vida do que as crianças que começam a beber às escondidas. Não se esqueça de que os efeitos do álcool no organismo dependem diretamente do tamanho da pessoa, por isso qualquer quantidade de álcool consumida por uma criança terá nela um impacto muito maior do que num adulto.

Mais importante é o fato de os pais poderem, com o seu próprio exemplo, encorajar os filhos a usarem a bebida de forma responsável: bebendo sempre com moderação e abstendo-se quando conduzem ou trabalham com máquinas, não utilizando o álcool como forma de enfrentar ou esquecer os problemas e criticando sempre as bebedeiras, não as considerando desejáveis ou divertidas.

Mostre às crianças, desde a mais tenra idade, que as festas e as diversões não dependem do álcool, embora o possam incluir. Explique os efeitos da bebida em excesso e os problemas associados ao alcoolismo. As crianças que têm pessoas da família com uma história de abuso do álcool correm mais riscos de se tornarem alcoólicas do que as outras e devem estar precavidas contra essa possibilidade.

Quando as crianças atingem a pré-adolescência, é irrealista pensar que nas saídas com os amigos não serão tentadas a provar o álcool. As que têm bons exemplos familiares e informação correcta e suficiente sobre o álcool e os seus riscos estarão mais aptas a ter um bom controle sobre a bebida e um comportamento adequado em todas as situações. 

Vivenciando uma fase de novas descobertas e experiências, os jovens tendem à ultrapassar limites em algumas situações, como o primeiro contato com o álcool. Frequentando as primeiras festas e expostos às bebidas, muitos desconhecem os efeitos que a substância causa no organismo e, consequentemente, esse comportamento culmina em preocupação para os pais. Além das alterações comportamentais, o excesso traz danos ao cérebro, que podem ser irreversíveis.
Seus primeiros efeitos podem ser observados a partir da sonolência, da sensação de relaxamento corporal e até mesmo da desinibição de suas atitudes, segundo o Dr. Mario Peres, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Departamento de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia. “Estes sinais físicos ocorrem devido à forma com a qual o álcool afeta o cérebro e o sistema nervoso central”, explica o especialista.
Comprovado cientificamente que o álcool é nocivo em qualquer faixa etária, seus malefícios entre os adolescentes são evidentes, sobretudo, durante a fase escolar, uma vez que o uso contínuo da substância atrapalha o rendimento, além de provocar confusão mental, falta de coordenação, problemas de memória e de aprendizado. Consequentemente, esse processo resulta também em dores de cabeça, alteração do ciclo natural do sono, da fala e do equilíbrio.
Esta substância tem ação depressora sobre o cérebro e pode causar complicações no sistema nervoso. “São dois tipos, a aguda e a crônica. A primeira é decorrente da ingestão excessiva e isolada de álcool. Na segunda, é causada pelo consumo frequente de um longo período”, diz o Dr. Mario Peres, enfatizando que a bebida pode gerar atrofia no cérebro e aumentar o risco para o Acidente Vascular Cerebral, AVC.
Segundo o neurologista, o álcool modifica a química do cérebro, alterando as funções cerebrais e os níveis de neurotransmissores que controlam os processos de comportamento, emoções e pensamento. Ele ressalta, que estas reações causam também mudanças no metabolismo.
Na tentativa de reduzir o índice de dependência química entre os jovens, o neurologista destaca que o tratamento pode começar a partir da mudança de comportamento, e que os adolescentes devem se conscientizar dos males que a bebida provoca não apenas ao corpo, mas também nos relacionamentos interpessoais. Os pais precisam exercer total autoridade e manter um diálogo franco sobre o tema, restringindo de imediato o consumo.



O consumo de bebidas alcoólicas está diretamente relacionado ao grau de instrução das mulheres paulistanas: quanto maior o tempo de estudo, maiores os riscos de beberem mais e sofrerem, consequentemente, com problemas ligados à bebida. Essa é a conclusão de um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq – HC), publicado na edição deste mês da revista científica Clinics.
“Há quinze anos, a proporção era de sete homens que bebiam para cada mulher. Hoje, temos 1,2 homem para cada mulher que consome bebidas alcoólicas”, constata a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, uma das autoras da pesquisa.
No caso das mulheres com grau de instrução maior e melhores condições econômicas, a situação pode ser ainda mais complexa. “Elas têm de dar conta de mais de um papel. São mães, esposas e profissionais. Sofrem uma cobrança social muito grande.”
Já entre o sexo masculino, a escolaridade é um fator de proteção. Homens com baixo grau de instrução apresentam oito vezes mais riscos para o alcoolismo. “A relação entre escolaridade e consumo de álcool reflete uma mudança cultural”, diz o conselheiro da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Carlos Salgado.
Considerada um indicador socioeconômico, a educação é um sinônimo de independência feminina, tanto emocional quanto financeira. “Mulheres com grau de escolaridade maior são mais independentes e estão mais expostas”, explica a pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad), Ilana Pinsky.
Para Salgado, o álcool acaba sendo utilizado com uma válvula de escape feminino contra o estresse. “Ela bebe para aliviar a pressão social e por ter conquistado direitos semelhantes aos do universo masculino. Quanto mais instruída, mais chances essa mulher terá de socializar. Ela terá mais oportunidades de beber”, completa.
Os especialistas afirmam que as bebidas alcoólicas também são utilizadas por homens para aliviar a tensão. Mas há, contudo, uma conscientização maior com relação ao impacto negativo do álcool sobre eles. “O processo é contrário. À medida que o homem recebe cultura, mais ele irá se cuidar”, diz Salgado. “Todas as campanhas (sobre o álcool) são voltados para o público masculino”, completa Camila.
Historicamente, casos de alcoolismo feminino também são menos discutidos. “Mesmo que essa mulher identifique um problema com a bebida, ela terá mais dificuldade de assumir e encontrar ajuda. Mulheres identificam o problema nos companheiros, mas não nelas”, afirma Camila.
Exatamente 1.464 indivíduos foram entrevistados para o estudo, que avaliou as diferenças de gêneros no consumo do álcool – a maior abordagem epidemiológica nessa linha já feita na cidade.
Organismo
A relação das mulheres com o álcool também preocupa porque elas são mais vulneráveis aos seus efeitos do que os homens. A produção inferior de uma enzima que “digere” o álcool, a menor quantidade de água no organismo e os hormônios são fatores que as tornam menos resistentes às bebidas. “Elas pagam mais caro pela mudança cultural”, diz Salgado.

Júlio Cesar Bueno Abrantes - 26 - 2°emb

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